Agora que eu sou mãe

Um espaço para compartilhar as aventuras de ser mãe

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Texto do meu Marido (lindo!!!)

publico um texto do maridão que além de ser muito bem escrito é a maior declaração de amor que eu já recebi:


"Depois de limpar toda a sujeira dela, de dar giros animados pelo bairro, prendê-la em meus braços e entregá-la delicadamente à sua hora de sono, me vejo diante de antigas fotografias. Não são antigas pra mim, nem pra você. Pra ela são. Sua vida pequena de quase oito meses (que se completam amanhã!) tem naquelas fotos um passado remoto. Ela era tão pequena, sua pele tão fina e cheia de manchinhas rosadas! Vejo uma por uma: aquela foto em que ela veste seu conjunto de estrelinhas brancas, a outra em que estamos os três em frente à lareira comendo fondue, ela bem pequena sugando seu peito, as labaredas dançando de fundo. Sinto carinho e um pouco de pena: afinal éramos tão inexperientes, tão tolos, felizes com o nosso bebê de apenas um mês, animados com qualquer olhar mais expressivo que ela dirigisse pro teto. Jamais poderíamos calcular os milagres que viriam: as primeiras silabadas, os movimentos de dança das pernas – ritmicamente perfeitos! –, os olhares malandros, espertos, sorridentes... E o primeiro sorriso, quando o gesto da boca deixou de ser só ricto! E o primeiro dentinho, e o segundo... E, agora então, quando ela, há menos de um mês, começou a engatinhar e até mesmo a comer! Não posso deixar de mencionar, entre essas novidades, o movimento que ela faz agora com os bracinhos para pedir o meu colo, um dos gestos mais comoventes que a vida já me revelou.

Entre as fotografias “antigas” muitas outras me impressionam, fazem rir, marejam os olhos, nesse incrível jogo de surpresas que nos proporciona a memória, uma das maiores potencialidades da espécie humana, infelizmente cada vez menos cultivada neste mundo de valores transitórios.

Mas uma outra foto me tocou mais fundo. Nela você está encostada na parede perto da janela da sala, sentada sobre odeck de madeira, cortando as unhas da pequena. Não foi o passado dela, dessa vez, o que me comoveu – foi o seu. Seus cabelos estão muito mais longos e desarrumados, seu rosto está pálido e inchado, o corpo todo está inchado. Alguém poderia dizer que você não estava em sua melhor forma. Mas era essa exatamente a beleza da cena. Seu corpo tinha dado ao mundo aquela pequena, a quem você olhava com um certo cansaço, cansaço paciente, carinhoso, cúmplice. O cansaço de alguém que voltou de uma viagem transformada em mulher. Trazendo nos braços o maior de todos os tesouros. Um tesouro que também é meu.

Um sentimento de profunda gratidão toma conta de mim. Mais que isso: carinho, amor, a sensação de que nada, em toda minha vida, conseguiu ser tão grande."

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

artes plásticas no espaço Caçamba de arte

Manhã ensolarada de sexta. Saio com a Dora. Falo para ela: "filha vamos experimentar uma coisa nova hoje, vamos a uma aula de artes!"
Todas os bebes sentados em um grande E.V.A. com colheres e pinceis criavam as suas próprias cores, propus à dorinha criar um laranja. Ela ficou sentada observando todos os outros bebes, que pintavam seus corpos, o papel e até a parede. A dorinha só olhando...a Ana propôs um som com o papel, a dorinha só olhava com uma cara bem séria. Pegou o papel e colocou na boca (ela adora comer papel). A Amanda (um bebe de 7 meses) pegou um papel e amassou muito...ela ficou com o papel até o fim do encontro. A Chiara de 1 ano e 1/2 resolveu pintar as outras crianças, ela achou os corpos mais interessante do que o papel, até a dorinha entrou na dança levou umas pinceladas no braço e adorou. Pegou um pincel e... colocou na boca. Pronto estava alí uma nova experiência sensorial/artística, Uma textura nova: os pelos do pincel e cores por toda parte, seu rosto ficou todo pintado. A cara séria foi desmanchando, cresceu uma vontade de tocar nas coisas.
Hora de um banho de mangueira para tirar a tinta do corpo, ela adorou. Mas para ela não tinha terminado ainda, ela queria mais, engatinhou sobre os papéis pintados pelas outras crianças e brincou com a Francisca (que queria muito cuidar dela). A Amanda ainda segurava o seu papel enquanto mamava e a Dora explorava o espaço.
Um encontro delicioso! Voltou para a casa dormindo e a mãe pensando que sua filha, tão diferente dela, gosta de observar muito antes de se atirar nas coisas. Pensando que esse tempo do encontro é o mais precioso, poder observar ela, pode brincar junto, explorar o mundo com os olhos de um bebê é uma oportunidade rara.
Obrigada filha pro me fazer ver o mundo num outro ritmo
obrigada Ana por esse espaço tão criativo.